A córnea é um tecido transparente, localizado na frente da íris e da pupila, que protege o cristalino e centraliza a luz na retina. Embora seja transparente, é muito resistente, não possui vasos sanguíneos e é nutrida pela lágrima e pelo humor aquoso, líquido existente no interior do olho.
A córnea atua como camada protetora da parte frontal do olho, além de ter importante papel na formação da visão, pois funciona como uma lente sobre a íris, focando a luz da pupila na direção da retina.
A córnea é composta por algumas camadas, sendo as principais o epitélio, o estroma e o endotélio:
1: O epitélio corneano é a camada superficial da córnea que protege o olho, evitando a entrada de microrganismos que causam doenças, como bactérias e fungos. Embora represente apenas 10% da espessura total da córnea, é altamente regenerativo e possui muitas terminações nervosas.
2: O endotélio é composto por uma camada de células que tem como função regular a hidratação da córnea, além de ser responsável pela transparência da mesma.
3: O estroma é o tecido responsável por sustentar a córnea e conectar todas as camadas, representando 90% da superfície corneana. O estroma é composto por um agrupamento perfeito de fibras, que contribui para a elasticidade e transparência da córnea, auxiliando o estado refrativo ocular.
O transplante de córnea é um dos procedimentos mais realizados no mundo e com maiores chances de sucesso. Esse tipo de transplante tem como objetivo substituir parte da córnea ou a córnea por completo, para corrigir perfurações ou tratar doenças em estágios mais graves, em que as medicações não são suficientes para a cura.
As principais doenças corrigidas com o transplante de córnea são: ceracotone, degeneração maginal pelúcida, ceratoglobo, distrofias corneanas, ceratopatia bolhosa, córnea guttata, distrofia de Fuchs, Infecções corneanas graves, leucomas e perfurações oculares.
Os transplantes de córnea podem ser divididos em dois tipos, indicados de acordo com o diagnóstico e necessidade do paciente:
O transplante de córnea lamelar consiste em substituir apenas algumas camadas externas da córnea, preservando grande parte da córnea do paciente, o que diminui os índices de rejeição.
Esse tipo de transplante é mais comum e recomendado para pacientes que foram acometidos por doenças em parte da córnea.
O transplante de córnea penetrante envolve a substituição de toda a córnea e suas camadas.
Nesse caso, o tempo de recuperação e os índices de rejeição são maiores. Entretanto, é a melhor opção em pacientes acometidos por doenças em que as medicações e o transplante de córnea lamelar não são suficientes.
Os principais riscos envolvidos no transplante de córnea são a falência do órgão ou a sua rejeição. Na falência, após o transplante, a córnea doada não apresenta bom funcionamento, podendo apresentar diminuição da visão e vermelhidão ocular.
A rejeição é mais comum no primeiro ano após o transplante, mas há casos de rejeições em qualquer período de vida do paciente transplantado. Quando diagnosticada no início, a rejeição pode ser tratada apenas com medicamentos e acompanhamento oftalmológico. Contudo, pode ser necessário novo transplante em alguns casos. Os principais sintomas de rejeição são: diminuição da visão, dor nos olhos, olhos avermelhados e fotofobia (sensibilidade à luz).
Os distúrbios mais comuns causados na córnea são:
É caracterizada pela formação de um edema na córnea. A córnea pode ficar edemaciada devido à diminuição da qualidade das células endoteliais, cuja função é retirar o excesso de líquido do estroma corneano, mantendo, assim, sua transparência e espessura.
A falha do endotélio é resultante de algumas possíveis causas: uma distrofia Endotelial corneana de Fuchs ou um trauma endotelial corneano.
A distrofia de Fuchs é uma doença genética, que acomete pessoas com idade entre 50 a 60 anos, provocando a perda celular progressiva e bilateral do endotélio corneano. O trauma endotelial corneano ocorre durante cirurgia intraocular, como a remoção de catarata e a colocação de lentes intraoculares.
Em ambas as situações, conforme o edema vai progredindo, o paciente sente dificuldades de enxergar ao acordar, perda de contraste e, em alguns casos, fotofobia. O edema pode ocasionar a formação de bolhas subepiteliais que podem se romper, causando dor ocular, lacrimejamento e sensação de corpo estranho no olho.
Para o diagnóstico é necessária avaliação de um oftalmologista especializado em córnea, com auxílio da biomicroscopia e medida da espessura corneanea.
O tratamento é feito através do uso de colírios, que auxiliam na desidratação da córnea e no conforto do paciente, ou cirurgia, como o transplante lamelar (DSEK, DMEK ou penetrante)
Úlcera de córnea (também conhecida como ceratite) é uma ferida aberta na córnea. Geralmente resulta de uma infecção ocular por bactéria, fungo, vírus ou protozoário, mas pode ser causada por olho seco ou outras alterações oculares.
Olhos avermelhados, lacrimejantes, dor , sensação de presença de corpo estranho no olho, pus ou secreção, visão turva, sensibilidade à luz (fotofobia) e pálpebras inchadas.
Em qualquer quadro de alterações oculares, um oftalmologista deve ser consultado para diagnóstico correto. No quadro de úlcera corneana, o diagnóstico é feito pelo exame de biomicroscopia com a ajuda de corantes (colírio de fluoresceína). Em alguns casos, é necessário colher material para análise em laboratório para determinar o exato agente infeccioso.
Basicamente, o tratamento pode ser feito utilizando medicamentos que variam na sua composição de acordo com o tipo de úlcera diagnosticada nos exames feitos pelo oftalmologista. Os colírios utilizados podem ser com ação antibiótica, antiviral, antifúngica; colírios que dilatam a pupila também podem ser aplicados, em alguns casos, pois reduzem as dores e as chances de complicações, em casos graves.
Quando o paciente demora a procurar o oftalmologista ou em casos graves, o transplante de córnea pode ser usado para tratar a infecção. Em alguns casos, podem resultar sequelas após a resolução do quadro, sendo necessário o transplante de córnea para restabelecer a visão.
A ceratocone é uma doença que atinge a córnea, deixando-a encurvada para frente com aspecto de cone, nas fases mais avançadas. Diferente da grande maioria das doenças oculares, que surgem na fase adulta e terceira idade, a ceratocone surge na infância ou no início da fase adulta.
Em alguns pacientes a ceratocone não apresenta sintomas e é identificada somente por meio de avaliações periódicas com oftalmologista especializado. Entretanto, em pacientes sintomáticos, as queixas mais comuns são: desfoque da visão, aumento da sensibilidade à luz, dificuldades para enxergar à noite e para realizar atividades rotineiras, visão dupla, surgimento ou aumento de miopia e astigmatismo.
Em casos graves, o paciente pode apresentar o sinal de Munson, onde a córnea protusa empurra a borda da pálpebra inferior, quando o paciente olha para baixo.
Em casos muito avançados, pode ocorrer um quadro com dor e baixa de visão súbita, chamada hidropsia, onde acontece a ruptura da membrana de descemet e a córnea fica esbranquiçada, sendo necessário acompanhamento oftalmológico de urgência.
O diagnóstico da ceratocone é feito por um oftalmologista especialista em córnea.
O paciente com ceratocone precisa de acompanhamento constante com oftalmologista especializado, com o objetivo de monitorar a doença, fornecendo a melhor forma de reabilitação visual possível.
Para evitar a progressão da doença, é fundamental que o paciente evite coçar os olhos, que identifique e trate qualquer alergia ocular e, caso seja necessário, fazer um procedimento para endurecer a córnea, como o crosslinking.